BERNARDINO, PRESENTE!
SOMOS TODOS GUARANI!
Mesmo que a história oficial
omita que o processo de colonização do oeste do Paraná deu-se a partir do
derramamento de sangue indígena, este fato concreto ocorreu desde o momento das
reduções jesuíticas, e se intensificou nas fases posteriores.
Para além da história que
não nos é contada, somente nos últimos dez anos ocorreram 560 assassinatos e
206 casos de suicídio de indígenas no Brasil (dados do Conselho Indigenista
Missionário– CIMI). Apesar dos índices serem alarmantes, estes dados refletem apenas
parte da triste realidade vivenciada cotidianamente pelos povos indígenas na sua
luta pelas condições de sobrevivência.
Atualmente, a maior
reivindicação nacional dos povos indígenas é a demarcação das terras
tradicionais, sendo que para eles o território assume uma conotação
cosmológica, que garante tanto a reprodução material, bem como a simbólica. Ou
seja, não existe cultura e vida indígena sem a garantia da territorialidade.
Porém, isso tem sido
dificultado principalmente pelo projeto agroexportador, que incentiva a
produção desenfreada em busca de lucro, tratando a terra como um mero negócio,
sem se preocupar com a natureza e com os povos que dependem dela para
coexistir.
Para piorar, o Governo
Federal, representado pela Ministra Gleisi Hoffmann (PT), suspendeu o processo
de demarcação de terras e desenvolve uma política de enfraquecimento da FUNAI,
além de buscar fortalecer as posições de órgãos claramente comprometidos com o
agronegócio e os ruralistas.
Dado esse
impasse, na região oeste do Paraná tem sido realizada uma campanha de
disseminação de ódio e mobilização contrária aos povos indígenas, incentivada
pelos defensores das oligarquias locais e as organizações ruralistas. Inclusive
boa parte dos deputados da região já se colocaram contrários à demarcação de
terras.
Como resultado desses
conflitos e a perda de territórios, a taxa de suicídio entre os guaranis é 34
vezes maior que a média nacional. E na região oeste do Paraná isso é
acompanhado pelos casos de suicídio ocorridos em Guaíra. O que mais assusta é que, durante uma campanha de
conscientização sobre as causas indígenas que realizamos neste ano, deparamo-nos
até com crianças nas escolas falando que “índio bom é índio morto”.
Foto: Ilson Soares |
E, na
semana passada, o guarani Bernardino Dávola Goulart foi assassinado. Na volta de um
jogo de futebol que ocorria em outra aldeia, um carro prata com três pessoas
dentro passou disparando várias vezes, atingindo Bernardino com três tiros,
além de uma das crianças que o acompanhava ter sido atingida de raspão na
cabeça, no braço e na perna. Esse fato ocorreu no centro da cidade. Em visita
às aldeias Tekohá Y’Hovy e Tekohá Mirim, as lideranças nos informaram que
várias ameaças já ocorreram desde o início do ano como forma de intimidar os
indígenas.
No entanto, a mídia local fez pouco caso da situação e a trata como se fosse resultado de uma briga de bar. Para nós, esse não é um caso isolado e merece uma profunda investigação. Não podemos descartar a possibilidade de ter ocorrido em função do conflito anunciado na região.
No entanto, a mídia local fez pouco caso da situação e a trata como se fosse resultado de uma briga de bar. Para nós, esse não é um caso isolado e merece uma profunda investigação. Não podemos descartar a possibilidade de ter ocorrido em função do conflito anunciado na região.
Diante desta atrocidade cometida contra
a vida Guarani, vimos manifestar nosso repúdio e prestar nossa solidariedade. Os
povos Guarani,
que sempre estiveram presentes na região do Guairá (margens do Rio Paraná), resistindo
às atrocidades cometidas pelo “homem civilizado”, mantém firmes a sua luta. E
nós pretendemos fortalecer esse movimento.
Solicitamos publicamente uma rápida investigação
para encontrar os assassinos e os possíveis mandantes do crime e a subseqüente
punição.
Para resolução do conflito, é necessária
a retomada dos estudos para a demarcação. É preciso defender a vida acima do
lucro!
GLEISI HOFFMANN, NÃO SE PERMITA SUJAR AS MÃOS COM O SANGUE DOS INOCENTES
QUE BUSCAM VIVER EM HARMONIA COM A NATUREZA!
SOMOS TODOS GUARANI!
BERNARDINO, PRESENTE!
BASTA ÀS MORTES DE INDÍGENAS:
Organizações que se solidarizam:
1. APP de Luta e Pela Base – Oposição Alternativa2. APP Sindicato – Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu3. Assembleia Nacional de Estudantes – Livre ANEL4. Associação dos Estudantes de São Pedro do Iguaçu – AESPI5. Associação dos Geógrafos Brasileiros AGB - Seção Local de Marechal Cândido Rondon6. Casa da América Latina – Foz do Iguaçu7. Central Sindical e Popular CSP – Conlutas8. Centro Acadêmico de Biologia – Universidade Federal do Paraná/Palotina9. Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Toledo10. Centro Acadêmico de Geografia – Marechal Cândido Rondon11. Centro Acadêmico de Geografia - Universidade Estadual de Londrina12. Centro Acadêmico de História – Marechal Cândido Rondon13. Centro Acadêmico de Serviço Social – Toledo14. Centro de Direitos Humanos CDH - Foz do Iguaçu15. Coletivo Movimente-se UEM – Universidade Estadual de Maringá16. Coletivo Resistência Socialista – CRS Toledo17. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Foz do Iguaçu18. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Marechal Cândido Rondon19. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Toledo20. Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Londrina21. Geografia das Lutas no Campo e na Cidade GEOLUTAS – Marechal Candido Rondon22. Grupo de Estudos em Bioética GEB - UFPR Palotina23. Grupo de Estudos Marxianos Latino-Americano - Toledo24. Grupo Tortura Nunca Mais – Foz do Iguaçu25. INTERSINDICAL26. Levante Popular da Juventude27. Movimento Fronteira Zero – Foz do Iguaçu28. Movimento Juventude Consciente – Toledo29. Movimento Mulheres em Luta – MML30. Movimento Universidade Popular – Foz do Iguaçu31. Núcleo de Estudos sobre a Via Campesina e a Agroecologia NUEVA – Universidade da Integração Latino-Americana UNILA32. Partido Comunista Brasileiro – PCB33. Partido Socialismo e Liberdade – PSOL34. Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU35. Pastoral Operária Nacional36. Rede Megafone37. Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná SINDJOR - Subseção Foz do Iguaçu e Região
38. União da Juventude Comunista - UJC
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